ESG combina com agilidade?

As metodologias ágeis surgiram formalmente em 2.001 em projetos de desenvolvimento de software, e desde então vêm ocupando cada vez mais espaço na agenda de empresas com base tecnológica graças a sua forma de trabalho orientada a resultados e flexibilidade para absorver adaptações ao longo da execução, características essenciais para empresas que convivem em mercados dinâmicos e altamente competitivos.

O termo ESG (Environmental, Social and Governance) foi cunhado em 2.004 em uma publicação do Banco Mundial em parceria com a ONU que definiu as bases do investimento sustentável. Em 2.012 o tema passou a ganhar a atenção do mercado quando a BlackRock, maior gestora de investimentos do mundo, sinalizou a preferência por investimento em empresas que tivessem preocupações com aspectos ambientais, sociais e de governança.

A partir deste ponto, empresas com iniciativas em tema ESG vêm se tornando mais atrativas por atuarem com responsabilidade e comprometimento com o futuro da sociedade e do mundo. Essa postura mais consciente vem substituindo a visão de lucro de curto prazo e a qualquer custo, que foi praticada por inúmeras empresas durante décadas.

No mercado brasileiro vemos as metodologias ágeis influenciando a cultura organizacional de empresas de todos os setores, impactando os modelos de gestão, a atuação da liderança e a maneira como as pessoas trabalham em equipe. Ao mesmo tempo, o mercado vem seguindo uma tendência de valorizar ou penalizar empresas de acordo com a forma como elas lidam com os aspectos ESG. E isso tem feito com que o tema ganhe espaço na agenda de executivos.

Neste cenário, convém refletir como esses dois movimentos se relacionam dentro de uma organização. Agilidade e ESG são iniciativas convergentes, divergentes, excludentes ou reforçam uma a outra?

De forma objetiva, há um bom alinhamento de valores quando pensamos em agilidade e práticas ESG, especialmente nos seguintes aspectos:

Transparência: culturas ágeis apostam na boa comunicação e na transparência como pilares para a construção de um ambiente de trabalho baseado na confiança. A visibilidade das informações e feedbacks constantes são meios para envolver as pessoas na criação de soluções de valor. Quando a empresa está avançada em ESG, ela deixa mais claro para o mercado quais são seus critérios e práticas de operação através de uma governança bem definida, levando essa transparência para fora e gerando também mais confiança externa na sua capacidade.

Humanização: agilidade coloca os indivíduos como parte central do modelo de trabalho, com auto grau de autonomia para a criação de soluções inovadoras com valor de negócio. Organizações com modelos ágeis avançados veem as pessoas como seus ativos mais importantes, além de proporcionarem ambientes corporativos seguros que favorecem a criatividade. ESG eleva o nível de atenção dada aos indivíduos para além do grupo de colaboradores da empresa. A premissa passa a ser: pessoas são importantes. E essa pensamento pode ser percebido quando a empresa passa a se preocupar também com a forma como ela impacta a sociedade.

Continuidade: uma característica fundamental para a agilidade é a melhoria contínua, onde as equipes constantemente incorporam aprendizados ao seu dia a dia. Outra prática ágil importante é o “ritmo sustentável”. Equipes ágeis precisam organizar-se para conseguirem agregar valor em suas entregas de maneira sustentável. Suas decisões do presente não devem comprometer a capacidade de entrega nem a qualidade no futuro. ESG possui essa preocupação com foco fora da organização olhando para o ecossistema em que a empresa está inserida para garantir a continuidade do negócio no longo prazo.


Por outro lado, a implementação dessa combinação não é trivial. A adoção de abordagens ágeis e práticas ESG vai requerer o acompanhamento de agilistas experientes para garantir que os valores ágeis não se percam ao longo do processo. À medida que a empresa evolui suas estruturas de governança, há um aumento na complexidade dos processos e do nível de burocracia interna, o que tende a comprometer a agilidade organizacional, dificultando entregas e adaptações ao longo da execução. No médio prazo, a cultura organizacional pode evoluir perdendo as características ágeis que são importantes para manter a competitividade.

No Agile Trends, a nossa missão é disseminar conhecimentos que proporcionem melhores formas de trabalho para as pessoas e que ajudem as empresas a agregarem mais valor aos seus clientes. Por isso, tanto abordagens ágeis quanto práticas ESG estão alinhadas com o nosso propósito. Quem quiser conhecer cases e saber o que as empresas têm feito sobre esses assuntos, dê uma olhada nos próximos eventos organizados pelo Agile Trends. Serão apresentados inúmeros cases que poderão encurtar caminhos e gerar insights.

Dairton Bassi – Fundador do Agile Trends

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